A reestruturação dos espaços escolares. Uma oportunidade para promover a reflexão dos alunos

26 janeiro 2020

Introdução

A competência de aprender a aprender tem sido identificada como uma das competências mais importantes para poder desenvolver aprendizagens ao longo da vida nos diferentes contextos em que as pessoas se desenvolvem. Para poder desenvolver esta competência, é essencial que as pessoas reflitam sobre seus processos de aprendizagem e sobre si mesmas como aprendizes. Promover tal reflexão em sala de aula facilita que os alunos e as alunas possam identificar seus interesses, suas estratégias de aprendizagem, suas dificuldades e facilidades ao aprender, e que construam sua identidade como aprendizes.

A implementação de estratégias para este fim ajuda os alunos a dar sentido às suas aprendizagens e os tornará mais competentes para continuar aprendendo ao longo de suas vidas. A reflexão sobre as aprendizagens e sobre eles e elas mesmas como aprendizes constitui uma estratégia de personalização da aprendizagem na medida em que ajuda a atribuir sentido e valor pessoal a essas aprendizagens. (Coll, 2018).

O projeto “Sem muros” (Madri, Espanha) (pelas características de suas salas de aula sem divisórias, suas estruturas organizacionais, a coordenação entre professores e a redução do tamanho dos grupos e a metodologia de aprendizagem baseada em projetos) permite a implementação de determinadas ferramentas que fomentam a reflexão dos alunos e ajudam a dar sentido às suas aprendizagens.

Este texto tem, portanto, dois objetivos principais. O primeiro deles consiste em apresentar teoricamente a reflexão dos alunos sobre seu processo de aprendizagem e sobre si mesmos como aprendizes como uma estratégia que serve para favorecer a realização de aprendizagens significativas.    O segundo envolve ilustrar esta estratégia de personalização através da descrição de ferramentas específicas projetadas e utilizadas para incentivar a reflexão dos alunos no âmbito do projeto “Sem muros” do Colégio Montserrat FUHEM durante o ano letivo de 2018-19.  Para isso, descreveremos como esta estratégia inovadora foi implementada na etapa de ensino fundamental.

A reflexão dos alunos sobre seu processo de aprendizagem e sobre si mesmos como aprendizes

Diversas pesquisas demonstraram que a reflexão tem efeitos positivos em diferentes aspectos vinculados à aprendizagem: a construção de conhecimentos conceituais; o desenvolvimento de habilidades de aprendizagem; a transferência e generalização das aprendizagens; maior consciência e planejamento dos próprios processos de aprendizagem; maior autonomia, sentimento de autoeficácia e capacidade de controle; e a busca de soluções, a motivação e a capacidade de análise crítica. Além disso, fomentar a reflexão tem efeitos benéficos para todos os alunos, e especialmente para os de baixo rendimento acadêmico. Também tem um efeito mais positivo na aprendizagem escolar quando são fornecidas diretrizes e instruções para orientar tal reflexão, especialmente se forem mais gerais (perguntas abertas) (Aleven et al. 2003).

Fomentar a reflexão dos alunos pode ter diferentes metas (por que refletir), pode ser realizada em relação a diferentes conteúdos (sobre o que refletir), em diferentes momentos da atividade de aprendizagem (quando refletir), e pode ser feita através de diferentes estratégias (como refletir) (Solari, 2018).

E sobre o que refletir? A reflexão pode ser realizada sobre:Com relação a por quê, a reflexão permite tomar consciência, compreender e agir sobre o entorno, sobre as demais pessoas e sobre si mesmos. Quando aprendemos algo, aprendemos não só sobre o conteúdo (construção de significados), mas também sobre nós mesmos como aprendizes e a forma como nos posicionamos em relação a esse tipo de atividade ou tarefa (atribuição de sentido) (Falsafi, 2011). A reflexão sobre estes âmbitos contribui para dar sentido às aprendizagens, na medida em que ajuda a ressignificar as experiências de aprendizagem passadas, a negociar os significados de si mesmo como aprendiz no presente, e a se projetar em atividades futuras de aprendizagem.

  • As condições da aprendizagem (onde, quando, com quem, com que ferramentas). O resultado (o que foi aprendido).
  • O processo de aprendizagem (como, por que aprendeu, que dificuldades teve).
  • Os interesses, objetivos, tomada de decisões, conexões entre diferentes experiências de aprendizagem.
  • As próprias experiências de aprendizagem que acontecem em diferentes contextos (escolares e não escolares) e momentos.
  • As concepções sobre o que significa aprender.                    
  • A própria pessoa como aprendiz.

Quando essa reflexão pode acontecer? Pode ser feita antes da atividade (sobre interesses pessoais, objetivos de aprendizagem, conexão com outras experiências de aprendizagem), durante (para reconstruir interesses, para tomar decisões, para pensar como está aprendendo, que dificuldades enfrenta e de que apoios precisa, como se vê e se sente como aprendiz), depois (o quê, como e por que aprendeu, reconstrução de interesses, análise das decisões tomadas, transformações na imagem como aprendiz), ou em perspectiva (o que faria de outra forma diferente em situações de aprendizagem futuras mais ou menos semelhantes).

Como fazer? Algumas condições que favorecem a reflexão são: reservar tempo e espaços suficientes, sistematização, transversalidade e continuidade, cuidar do clima da sala de aula, familiarizar-se com a linguagem da reflexão, ceder progressivamente o controle sobre a reflexão aos alunos, ajustar o apoio pedagógico, aproveitar o potencial das TICs, avaliá-la e oferecer retroalimentação.

Estratégias para fomentar a reflexão dos alunos sobre sua aprendizagem e como aprendizes no Colégio Montserrat FUHEM

O Colégio Montserrat FUHEM é uma escola mista bilingue de educação infantil, ensino fundamental e ensino médio, localizado em Madri. Na etapa de ensino fundamental, realizam o projeto “Sem muros”, caracterizado pelo fato de que todas as turmas do mesmo nível estão conectadas por portas deslizantes e realizam atividades conjuntas, o que permite trabalhar com grupos menores de alunos, e porque utilizam a metodologia de “Aprendizagem Baseada em Projetos”.

Entre as práticas de inovação desenvolvidas no Colégio Monserrat FUHEM, há uma que tem sido objeto de seguimento no âmbito do Projeto PERSONAE [1]. Trata-se do conjunto de estratégias para fomentar a reflexão dos alunos sobre seus processos de aprendizagem e sobre si mesmos como aprendizes: portfólios, projetos pessoais, metas de autoavaliação, escadas de coavaliação de trabalho em equipe, escalas de classificação, “dedique um tempo”, diário de aprendizagem, entrevistas pessoais e outras atividades de reflexão (por exemplo, após espaços de livre escolha, sobre metodologia de grupos interativos ou ao finalizar um projeto), entre muitas outras.

A seguir, apresentaremos algumas dessas estratégias que foram elaboradas e aplicadas com a finalidade de promover a reflexão dos alunos como uma estratégia de personalização.

Portfólio

 A elaboração do portfólio tem como objetivo ajudar os alunos a identificar e refletir sobre seus progressos de aprendizagem, dificuldades e possíveis melhorias dentro da estrutura dos projetos que realizam. O portfólio pode ser completado no final de cada trimestre ou ao finalizar o ano letivo, e consiste que os alunos e as alunas tenham uma pasta pessoal na qual mantêm uma seleção de alguns dos trabalhos realizados, assim como algumas fichas de reflexão que o acompanham. Nas imagens 1, 2 e 3 há alguns exemplos destas fichas.

Imagem 1. Ficha de reflexão para o portfólio do 1º ano do ensino fundamental.
Imagem 2. Roteiro para o portfólio do 4º ano do ensino fundamental.
Imagem 3. Exemplo de ficha de reflexão do portfólio de um aluno do 1º ano do ensino fundamental.

Esta ferramenta favorece que os alunos identifiquem as atividades das quais gostaram, seu progresso e dificuldades em cada trimestre em termos de leitura/escrita, desenho, compreensão, relações, etc., tudo isso com base na análise de atividades específicas.

Além disso, ajuda os professores a ajustar seu apoio pedagógico ao estágio de cada estudante, e facilita o seguimento e a avaliação.

Aprendizagem baseada em projetos (ABP) e Projetos pessoais

A metodologia ABP é uma maneira muito poderosa de fomentar a reflexão dos alunos sobre seus objetivos de aprendizagem, sobre seus processos de aprendizagem e sobre si mesmos como aprendizes, a fim de levar em conta seus interesses e conectar experiências de aprendizagem que acontecem dentro e fora da escola.

O APB parte do pressuposto de que é necessário conectar os interesses de aprendizagem dos alunos e das alunas, de modo que no início de cada projeto lhes é perguntado o que sabem sobre o tema específico que vão trabalhar, o que gostariam de saber e como gostariam de aprendê-lo. Isto faz com que os alunos tenham a oportunidade de parar e refletir sobre o tema, conectar com seus interesses e também de pensar sobre quais objetivos de aprendizagem poderiam ter e como poderiam ser realizados no projeto. Abaixo há um exemplo de uma ferramenta projetada para permitir aos alunos refletir sobre o que aprenderam, do que gostaram, seus pontos fortes e suas dificuldades ao finalizar os projetos.

Imagem 4. Ficha de reflexão sobre o projeto do 2º ano do ensino fundamental.

Os projetos pessoais partem dos APB e consistem em cada estudante desenvolver um projeto sobre um tema que lhe interesse. Estes projetos pessoais são uma boa ferramenta para fomentar a reflexão dos alunos sobre seus interesses e ajudá-los a se organizar e tomar decisões sobre alguns elementos do seu processo de aprendizagem (escolha do tema, materiais, procedimento de busca de informações, forma de apresentação, etc.). Além disso, frequentemente são acompanhados por uma rubrica ou algum outro tipo de atividade que permite a autoavaliação, seja oralmente ou por escrito, como mostrado, por exemplo, na imagem 5.

Imagem 5. Exemplo de rubrica de autoavaliação sobre o projeto pessoal.

Metas de autoavaliação

As metas de autoavaliação são ferramentas que podem ser utilizadas ao finalizar uma atividade específica, um projeto ou um trimestre, podem incluir diferentes aspectos a serem avaliados e os alunos devem colorir a seção que considerarem.

Imagem 6. Exemplo de metas de autoavaliação e rubrica de coavaliação do 3º ano do ensino fundamental.

Esta ferramenta favorece que as alunas e os alunos reflitam sobre as aprendizagens adquiridas, identifiquem em quais tiveram mais dificuldades ou avaliem do que mais gostaram no projeto, etc.

Imagem 7. Exemplos de metas de autoavaliação.

“Dedique um tempo” e Diário de aprendizagem

 “Dedique um tempo” inclui, por um lado, atividades de revisão em casa sobre o que foi trabalhado ao longo de cada semana, e por outro, uma reflexão em forma de escala de quatro níveis (quatro rostos que vão do mais triste ao mais feliz), na qual o aluno é questionado sobre diferentes aspectos (cognitivos e emocionais) do seu processo de aprendizagem.

Imagem 8. “Dedique um tempo” com autoavaliação do 3º ano do ensino fundamental.

O diário de aprendizagem tem como objetivo fomentar a reflexão sobre as aprendizagens realizadas e futuras aprendizagens, bem como aspectos sociais, emocionais e cognitivos da aprendizagem.

Imagem 9. Diário de aprendizagem do 3º ano do ensino fundamental.

A combinação de ambas as estratégias permite que os alunos aprendam a refletir sobre os aspectos que acham mais fácil e os que pensam que precisam de ajuda, assim como a pensar em como trabalharam durante a semana (tanto em sala de aula como com as atividades “Dedique um tempo”) e como se sentiram com seus colegas.  Ambas são projetadas e implementadas conjuntamente pelos professores do nível, algo que “Sem muros” gera pela necessidade de coordenação entre os três grupos em cada projeto.

Entrevistas pessoais

 As entrevistas pessoais são elaboradas para uma realização trimestral por cada tutora ou tutor com os alunos do seu grupo, de forma individualizada. O funcionamento do “Sem muros” facilita que estas entrevistas possam acontecer enquanto o resto do grupo continua trabalhando com outro docente na sala de aula. Há um objetivo duplo nestas entrevistas: 1) ajudar os alunos a refletir sobre seus processos de aprendizagem, sobre como se veem como aprendizes e suas relações com seus pares; 2) facilitar que os professores ajustem os apoios didáticos, enquanto avaliam e fazem um seguimento de cada estudante (especialmente aqueles que têm mais dificuldades). Nas entrevistas, os professores ajudam os alunos a identificar os aspectos em trabalharam bem e por quê, o que fizeram melhor, aqueles que precisaram de ajuda externa, se mudariam alguma coisa para lidar com tarefas futuras, bem como refletir sobre como se sentiram em nível relacional com outros colegas.

Reflexão sobre as oficinas/espaços de livre escolha

Durante um dia escolar, os alunos participam de uma variedade de oficinas (geralmente entre 5 e 6) com diferentes aspectos para aprender, e podem alternar entre as que são de maior interesse para eles, tendo o cuidado de não ficar em uma por muito tempo e de não sobrecarregar os grupos. Estas oficinas ou espaços livres (entre outros, jardinagem, leitura, inglês, artesanato, matemática, jogos livres…) refletem tanto a dimensão da personalização relacionada à consideração dos interesses dos alunos, quanto a do reconhecimento e da aceitação de que podem tomar decisões sobre seu processo de aprendizagem. Os alunos devem preencher uma folha de registro com os espaços em que participam durante o dia, para posteriormente realizar uma atividade de reflexão (que pode ter diferentes formatos) sobre 1) o que aprenderam; 2) o que os levou a escolher uma ou outra oficina, a mudar menos ou mais, a participar praticamente de todas elas ou permanecer em apenas uma; e 3) de que ajuda precisam dependendo de suas dificuldades (má administração do tempo, falta de organização, grande interesse em todas elas, dificuldade em pedir ajuda, etc.). Estas atividades de reflexão constituem uma poderosa estratégia para fomentar a reflexão dos estudantes. O processo de explicação das perguntas que orientam esta reflexão, a modelagem exercida pelos professores ao levantá-las, ajuda os alunos a enfrentar esta tarefa de forma pausada, reflexiva e consciente, e a aprender a fazê-la progressivamente com mais facilidade e com um maior grau de introspecção e autonomia.
Imagens 10 e 11. Reflexões dos alunos do 1º ano do ensino fundamental sobre as oficinas de livre escolha.

Componentes de inovação da prática

 A seguir, resumimos algumas características destas estratégias para fomentar a reflexão que, consideradas como um todo, têm um potencial especial para favorecer a construção de aprendizagens com um sentido e valor pessoal para os alunos:

  • Permitem aos alunos tomar consciência sobre as aprendizagens adquiridas, compreender e agir sobre o mundo, seu entorno, seus iguais e sobre si mesmos.
  • Favorecem a tomada de decisões conscientes e o desenvolvimento de competências para aprender ao longo da vida.
  • Promovem que os alunos analisem seus processos de aprendizagem, identifiquem o que aprenderam, como, por quê, que facilidades ou dificuldades tiveram, o que os ajuda a estar conscientes do seu processo de aprendizagem, estabelecer metas e identificar em que precisam de ajuda.
  • Ajudam os alunos a identificar o tipo de estruturas e condições que os ajudam a aprender.
  • Permitem que os alunos reflitam e reconstruam seus interesses de aprendizagem, e permitem que os professores levem esses interesses em consideração na concepção das atividades de aprendizagem.
  • Facilitam que os alunos façam conexões entre as experiências que têm nos diferentes contextos de aprendizagem nos quais participam.
  • Permitem que os alunos construam e reconstruam constantemente a visão que têm de si mesmos como aprendizes.
  • Os professores podem realizar um seguimento dos processos de aprendizagem dos seus alunos e ajustar o apoio pedagógico de forma individualizada e personalizada.
  • A combinação de estratégias, seus diferentes formatos, sua implementação oral ou escrita, e sua abordagem sistemática ao longo de cada ano letivo e durante toda a etapa, ajuda os alunos, desde muito cedo, a se apropriarem de uma “linguagem de reflexão”, a internalizá-la e a desenvolver aprendizagens com maior sentido e valor pessoal.

Finalmente, gostaríamos de chamar a atenção para algumas das condições que facilitaram a implementação desta prática educacional no Colégio Montserrat FUHEM. Esta escola tem uma liderança que impulsiona o projeto “Sem muros” e está comprometida com sua sustentabilidade, são estabelecidos objetivos de melhoria a cada ano e há um esforço explícito para consolidar as equipes docentes e promover o compartilhamento de boas práticas do ponto de vista da personalização das aprendizagens. Além disso, a equipe docente está muito comprometida com a melhoria educacional e processos de reflexão sobre a prática, e dedica várias reuniões de coordenação a esta tarefa. Estes espaços permitem que os professores de diferentes níveis possam compartilhar as múltiplas ferramentas que utilizam em suas salas de aula para promover aprendizagens significativas e valor pessoal para seus alunos, e se nutram umas das outras, reelaborem e se fortaleçam.

Mais informações

Para conhecer melhor

Para saber mais

Referências

  • Aleven, V., Stahl, E., Schworm, S., Fisher, F., & Wallace, R. (2003). Help seeking and help design in interactive learning environments. Review of Educational Research, 73(3), 277-320.
  • Falsafi, L. (2011). Learner Identity a sociocultural approach to how people recognize and construct themselves as learners. Tesis doctoral dirigida por el Dr. César Coll. Universidad de Barcelona. Disponible  (09-11-2019) en https://psyed.edu.es/ archivos/grintie/Falsafi_Thesis.pdf
  • Coll, C. (2018). Procesos de aprendizaje generadores de sentido y estrategias de personalización. En C. Coll (Coord.), Personalización del aprendizaje. (pp. 14-18). Barcelona: Editorial Graó.
  • Solari, M. (2018). La reflexión sobre el proceso de aprendizaje y sobre uno mismo como aprendiz. Comunicación en el II Encuentro sobre personalización del aprendizaje y procesos de innovación educativa. Madrid (España), 16 y 17 de noviembre. Disponible (09-11-2019) en https://ble.psyed.edu.es/wp-content/uploads/2019/01/Mesa-3-Reflexio%CC%81n-del-alumnado.pdf

Autoria

  • Manuel Agudo, M. Victoria Ruiz y equipo docente de Primaria (Colegio Montserrat FUHEM).
  • Mara Nieto y Mariana Solari (Universidad Autónoma de Madrid y Universidad de Extremadura).
  • [1]

    Projeto de Pesquisa “PERSONAE – O desafio da personalização da aprendizagem escolar: princípios, posicionamentos e implementação nas escolas” (EDU2017-82321-R)”, financiado pelo Ministério de Economia, Indústria e Competitividade. Pesquisador Principal: César Coll. Mais informações em https://ble.psyed.edu.es/