Como fomentar o uso das funções executivas na sala de aula

20 outubro 2020

As estratégias sobre funções executivas ajudam os estudantes a ir além do conteúdo que está sendo ensinado, de modo que a aprendizagem também seja baseada em processos e não só em resultados. Os estudantes precisam aprender a estabelecer metas, planejar e priorizar; como organizar materiais e informações; como lembrar informações aprendidas previamente; como fazer “malabarismos” com as informações em suas mentes; como mudar as abordagens em situações de aprendizagem e resolução de problemas; e como controlar a si mesmos e comprovar seu trabalho.

Todos esses processos de funções executivas podem ser ensinados em todos os níveis e aplicados a todas as áreas de conteúdo. Abaixo se apresentam alguns dos mais importantes e como poderiam ser incorporados às diferentes matérias ensinadas em sala de aula:

1. Planejamento e estabelecimento de metas

O planejamento, ou a organização antecipada de informações e detalhes, é um importante processo de função executiva que não é ensinado sistematicamente nas escolas, embora seja um pré-requisito para ler, escrever e completar projetos em áreas de conteúdo como ciência e estudos sociais. Geralmente, os estudantes não são ensinados a estabelecer metas de curto e longo prazo que orientem sua abordagem às tarefas, aos estudos e à realização de provas. Muitos estudantes com dificuldades de função executiva podem iniciar tarefas de forma impulsiva sem um plano de ação.

O uso de calendários semanais e mensais para realizar um acompanhamento dos prazos dos projetos e tarefas de longo prazo, assim como o autocontrole para concluir tarefas, ajuda a impor estrutura e autocontrole. Estes processos de função executiva são fundamentais para promover a aprendizagem independente como parte do processo de tarefa.

2. Organizar e priorizar

A organização, ou a capacidade de sistematizar e classificar as informações, é um processo de função executiva que está subjacente à maioria das tarefas acadêmicas e da vida. A instrução de estratégias deve se concentrar em ensinar aos estudantes abordagens sistemáticas para organizar seus materiais, informações e ideias e aplicar essas estratégias à sua escrita, anotações, estudos e preparação para provas. Cada uma dessas áreas é analisada a seguir.

  • Organização de materiais
  • Organização de ideias e informações
  • Estratégias organizativas para a escrita
  • Estratégias organizativas para anotações

3. Mudar de forma flexível

A flexibilidade cognitiva, ou a capacidade de mudar a mentalidade, é muitas vezes um grande desafio para os estudantes, especialmente aqueles com dificuldades de aprendizagem e atenção. A mudança exige que os estudantes interpretem as informações de mais de uma maneira, que mudem sua abordagem quando necessário e que escolham uma nova estratégia quando a primeira não funcionar.

No entorno da sala de aula, a flexibilidade cognitiva é essencial para a leitura, a escrita, a resolução de problemas matemáticos e realização de provas eficazes. Da mesma forma, quando os estudantes leem palavras ou frases que têm múltiplos significados, têm que mudar suas mentalidades ou perspectivas.

Na área da matemática, a mudança é essencial para trabalhar de forma eficiente e precisa. Os estudantes muitas vezes ficam presos tentando resolver um problema de uma maneira quando pode haver uma maneira mais fácil ou mais eficiente de encontrar uma solução. A flexibilidade cognitiva pode ser melhorada quando os estudantes usam estratégias como fazer a si mesmos as seguintes perguntas enquanto completam as tarefas ou enquanto fazem provas de matemática:

  • Sei mais de uma forma de resolver o problema?
  • Isto é semelhante a tudo que vi antes?
  • Este problema é o mesmo ou é diferente do problema anterior?

4. Automonitoramento e autocomprovação

A autocomprovação, ou a capacidade de refletir sobre o próprio desempenho e identificar erros, é um processo baseado nas funções executivas que, muitas vezes, é extremamente desafiador para os estudantes. Embora os estudantes sejam frequentemente aconselhados a verificar seu trabalho, muitos deles não sabem como ou o que verificar.

Os estudantes devem ser estimulados a fazer listas de verificação para todas as áreas de conteúdo e colocá-las em locais visíveis, tais como pastas, fichários, quadros de avisos ou até mesmo na geladeira.

5. Criação de uma cultura de uso de estratégias na sala de aula

O ensino de estratégias é essencial não só para os estudantes com problemas de aprendizagem e atenção, mas para todos os estudantes, a fim de melhorar o uso dos processos da função executiva. Os professores podem criar “salas de aula estratégicas”, tornando a estratégia um componente central da cultura da sala de aula. A seguir estão as formas pelas quais uma cultura estratégica pode ser fomentada na sala de aula.

  • A instrução e os exemplos explícitos podem tornar as estratégias parte da linguagem da sala de aula.
  • Os estudantes podem desenvolver seus próprios cadernos de estratégia personalizados onde compilam as estratégias que melhor funcionem para eles.
  • Os estudantes podem participar de discussões de “estratégia compartilhada”, onde ensinam a outros estudantes as estratégias personalizadas que criaram.
  • As estratégias podem ser coletadas ao longo do ano e transformadas em um “livro de estratégias” em sala de aula para que outros alunos possam utilizá-las.